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[RESENHA] It: A Coisa - Stephen King

17 fevereiro 2015

Hey, pessoas!

Trouxe uma resenha fresquinha para vocês no post de hoje, e o livro escolhido é um dos meus favoritos desde sempre, que ganhou a edição mais bonita recentemente, pela editora Suma de Letras. Venham comigo aventurar-se no mundo de It, A Coisa!

A Coisa
TÍTULO: It, A Coisa
AUTOR: Stephen King
EDITORA: Suma de Letras
NÚMERO DE PÁGINAS: 1102 páginas
SINOPSE: Junho de 1958. Derry, pacata cidadezinha do Maine. Início das férias de verão. Para Bill, Richie, Eddie, Stan, Beverly, Mike e Ben, sete adolescentes que, pouco a pouco, se tornam amigos inseparáveis, este será um verão inesquecível. Um tempo em que vão descobrir o doce sabor da amizade, do amor, da união. época em que vão provar o gosto amargo da perda, do medo, da dor. Este será um ano inesquecível. Terrivelmente inesquecível. O ano em que vão conhecer a Coisa, a força estranha e maligna que vem deixando um rastro de sangue na calma Derry. O ser sobrenatural que apresenta um apetite especial por inocentes crianças. Maio de 1985. O tempo passou deixando suas marcas em cada um deles. Já não são mais crianças. Mike Hanlon, o único que permanece em Derry, dá o sinal. Precisam unir novamente suas forças. A Coisa volta a atacar e eles devem cumprir a promessa selada com sangue quando crianças. Só eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry. Apenas eles podem vencer o poder maléfico da Coisa.


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"Nesse romance o mestre do terror nos leva de volta ao tempo em que acreditávamos mais em nossa imaginação, em nossos sonhos e também em nossos pesadelos." 



Eu queria começar essa resenha dizendo que Stephen King é, de longe, o meu autor preferido. E por esse motivo vocês não fazem ideia do quanto foi complicado transpor 1.102 páginas de um livro escrito por ele para uma resenha de poucas palavras. Me desculpem se me alongar demais, ou se esquecer completamente a imparcialidade em algum momento, é que pra mim King é realmente O cara. Dito isso, vamos ao que interessa!

Bill, Beverly, Ben, Eddie, Mike, Richie e Stan são crianças, mas não quaisquer crianças: eles são "os excluídos". Bill é gago e muito inteligente, o que já o torna alvo de bullyng; Beverly é uma garota cheia de problemas familiares, com um pai completamente possessivo e violento; Ben é um tanto fora dos padrões de beleza da sociedade; Eddie tem asma e uma mãe superprotetora; Mike é negro, e é muito julgado por isso; Richie usa óculos e tem um sério problema em guardar suas piadas e opiniões sarcásticas para si só; e Stan é judeu, o que já diz muita coisa. Por um acaso do destino, essas crianças tem os mesmos inimigos, e isso as une mais do que qualquer outra coisa. 

A vida na pacata cidade de Derry, Maine, nunca foi das mais agitadas, mas isso tudo muda no verão de 1958, quando estranhos e cruéis assassinatos se abatem sobre as crianças da cidade. A primeira vítima é nada mais, nada menos, do que o irmão mais novo de Bill "Gago". Esse é o principal, mas não o único motivo, que faz o grupo juntar-se para livrar sua Derry da Coisa, como ficou conhecida a estranha criatura por trás dos crimes. Essa criatura assume a forma de seu maior medo, e exatamente por isso atrai cada vez mais crianças para suas garras. Normalmente, ela aparece como um palhaço, chamado Pennywise, inteiramente assustador. 

Mas a tarefa de derrotar A Coisa não é fácil para o grupo liderado por Bill, por mais fortes que eles sejam unidos. No final do verão, eles finalmente conseguem atingir a monstruosidade de alguma forma, o que a faz recuar; mas algo diz a eles que aquele não é o fim. Com essa sensação em mente, eles fazem uma promessa, selada pelo seu próprio sangue, de que, independente da época, ou da localidade em que estiverem, eles voltarão para Derry quando A Coisa retornar, e Mike, o único que permanece em Derry, fica encarregado de chamar os outros se isso acontecer. De fato, A Coisa volta a assolar a pequena cidade, e as crianças, agora adultos, retornam para terminar sua tarefa de infância, cumprir sua promessa e livrar Derry de vez desse pesadelo.


Existem vários tópicos que quero falar para vocês deste livro, e decidi começar com a sua estrutura. Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que o livro é organizado de uma forma incrível. Dividido em partes, cada uma delas conta um pedaço da história do grupo de amigos contra A Coisa, e ao final, temos a resolução do caso. Entre um capítulo e outro, muitas vezes nos deparamos com os 'intermédios', que são retirados de um caderno de Mike Hanlon, e são a única parte do livro narrada em primeira pessoa em sua totalidade. Neles, nós encontramos acontecimentos que justificam as suspeitas de Mike sobre a volta da Coisa, e o chamado que ele fez aos amigos para retornarem à cidade, além de fatos importantíssimos para entendermos a história que relaciona Derry com A Coisa. Além disso tudo, existe um fator muito interessante na narrativa do autor, e que, pra mim, é novidade. Toda a narração é feita em cima das lembranças dos personagens, e é a própria voz destes personagens contando suas recordações que 'puxa' as narrações em terceira pessoa do livro. Vocês só vão conseguir entender se lerem, confesso que até mesmo eu fiquei confusa no início, mas, depois de acostumar, isso fica bastante diferente dentro da trama, o que só enfatiza a genialidade do autor.

Quanto à forma de escrita de King, posso dizer apenas que ela é magistralmente perfeita. É como se fôssemos transportados para dentro da história, vivendo todas as aventuras e perigos com as personagens. A narrativa em terceira pessoa nos ajuda a compreender os motivos e justificativas para todas as ações realizadas ao longo da trama, e nos auxilia no entendimento total da história, além de nos colocar diretamente em contato com os sentimentos e pensamentos mais profundos das personagens, seus medos, inseguranças e dúvidas. King tem uma característica marcante que também aparece neste livro: ele sempre fala sobre algum assunto atual e de extrema importância em sua obra. Neste caso, esse assunto é o bullyng. Apesar do livro não ter sido escrito recentemente, as histórias de todos os amigos de Bill, e inclusive dele próprio, são permeadas por agressões, física também, simplesmente pelos aspectos distintos que essas crianças possuem. A exclusão por parte dos colegas de escola é algo que vemos muito atualmente, e eu acho super importante alertarmos para essas questões em todos os meios possíveis, inclusive na literatura. Mais uma vez, mandou bem, mestre!


Com relação aos personagens, existem vários protagonistas nesta história, além dos lógicos. O grupo de amigos, formado por Bill, Beverly, Ben, Mike, Stan, Richie e Eddie é completamente distinto entre si. Cada criança possui uma característica muito particular, que a torna única e indispensável para o desenvolvimento do enredo. Bill, além de inteligente, é o espírito de liderança em pessoa; Beverly é ousada e corajosa, e bastante feminista, o que fez eu me identificar com ela logo de cara; Richie é o engraçado da turma, sem papas na língua para falar o que lhe vem a mente; Eddie, apesar de tímido e introspectivo, tem um senso de direção incrível: é ele que guia os amigos pelos túneis e pela mata onde costumam brincar; Ben é um arquiteto completamente capaz, e um amigo leal, independente de sua aparência; Mike é perspicaz, inteligente, e muito rápido no raciocínio, além de destemido e valente; Stan é o "cabeça" da turma: é sempre ele que pensa nas consequências e em todas as possibilidades antes de colocarem qualquer plano em prática.

Os pais de Bill, depois da morte de George, ficaram completamente omissos com o filho mais velho. Parece que eles esqueceram que George não era o único em suas vidas, e passaram a não dar a atenção necessária a Bill; ou melhor, eles não davam atenção nenhuma ao garoto. Isso magoava Bill profundamente, e ele culpava-se pela morte do irmão e, acima de tudo, pela barreira que seus pais colocaram entre eles. Esse fato me deu uma vontade enorme de entrar no livro e dar uns bons tapas na cara desses dois, para que eles percebessem que Bill existia, e era uma criança especial, que precisava de cuidados e carinho como qualquer outra. Outra personagem que me irritou bastante foi a mãe de Eddie. A mulher era completamente obsessiva quando o assunto é seu filho, e protege o garoto de tudo e de todos, como se pudesse colocá-lo numa redoma de vidro impenetrável. Diferente do que vocês podem pensar, isso não ajudava. Era excessivo, e dificultava a convivência de Eddie com qualquer pessoa que se aproximasse dele. Ninguém era bom o suficiente para conviver com seu bebê, e ela fazia questão de deixar isso bem claro, inclusive para o próprio Eddie. Sem falar da questão sobre a saúde, ela o tratava como se ele fosse uma boneca de porcelana prestes a quebrar. Qualquer resfriado era motivo para levá-lo ao médico, e tudo podia machucá-lo. Isso criou um certo receio em Eddie, de se soltar, ser criança, e agir como tal.

Os garotos que perseguiam o grupo de Bill eram cruéis e implacáveis. Não importava se eles não tinham motivos para pegar no pé dos meninos, eles pegavam mesmo assim. Em vários episódios, chegaram inclusive a agredir fisicamente as crianças, que não tinham força para reagir. Eram covardes e injustos, arrisco dizer que eram até mesmo um tanto desequilibrados mentalmente, principalmente o líder da gangue. Eu senti ódio e desprezo por eles durante todo o livro, e tinha vontade de mostrar a eles como é bom mexer com os mais fracos rs Acho que essa era exatamente a intenção de King, então, ele acertou em cheio.


A diagramação do livro é bastante simples, e ao mesmo tempo, muito bem organizada. Os capítulos são distribuídos dentro das partes das quais já falei, e estas tem uma página especial para suas divisórias. Abaixo de cada título das partes, temos trechos de obras de outros autores, que se relacionam com a história que vai ser contada nos capítulos seguintes. Eu acho sempre gostoso ver os autores reconhecendo-se mutuamente, ainda mais o King, que é o mestre dos mestres. Isso o torna ainda mais honesto e digno a meu ver. A única coisa que me incomodou um pouco foi o tamanho da fonte, mais pequeno do que estou acostumada, o que acabou gerando um leve desconforto na hora da leitura. Talvez a fonte tenha sido escolhida devido ao tamanho da obra, o que é bem compreensível. Independente deste fato, o livro continua sendo perfeito, em todos os sentidos.


A vocês, leitores, que estão com receio de ler o livro devido aos sustos que poderão tomar, só tenho uma coisa a dizer: desconstruam suas opiniões e conceitos formados. Stephen King eleva suas obras a um outro nível, no qual o enredo e a criatividade são muito mais importantes do que o terror que as palavras causam. Mesmo assim, eu não poderia citar autor mais característico do gênero horror, por sua mente assombrosamente dinâmica e inusitada. O livro não é daquele tipo que não te deixa dormir à noite, e o foco do autor é muito mais na história em si, o que deixa a narrativa ainda mais irresistível.

Despeço-me de vocês com a minha explícita recomendação do título. Se quiserem iniciar no gênero, King é sempre uma ótima pedida. Aconselho lerem o livro antes de assistiram à adaptação cinematográfica dele (que, confesso, me decepcionou bastante), pois as histórias são bastante diferentes, e assim você poderá formar uma opinião melhor construída das duas formas de arte. Se já conhecem o livro, não esqueçam de me contar suas impressões nos comentários. Com relação as minhas, com certeza o livro superou qualquer expectativa que eu pudesse ter. Não poderia ser mais incrível! Vale muito a pena a leitura longa e densa. Confiem em mim, vocês vão adorar! Até a próxima postagem!

Beijos 

3 comentários:

  1. Olá Pati, como vai?

    Haha, que maluco mesmo, eu amei a resenha, li toda eufórica e ao mesmo tempo fui transportada junto a você, para dentro de um livro de terror haha.
    Como te disse, eu amo a escrita do filho dele, mas se a dele é boa, a de King é perfeita, agora mesmo consegui enxergar muito mais o/
    Acho interessante que acaba envolvendo um tema, ao mesmo tempo que da uma lição, o transforma em algo (horrendo?), fabuloso, fantástico...
    Amei mesmo e vou procurar, apesar de precisar de pelo menos umas três semanas ou mais para estas mais de 1000 páginas rs.

    Beijos!

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    1. Menina, tu não vai acreditar se eu disser que li em três dias, né? Só que demorei para organizar as ideias pra resenha, não queria parecer tão parcial hahahaha Que bom que tu gostou da resenha, Tami, a escrita do King é realmente maravilhosa, tem aquela capacidade de te fazer pensar que a história é mais do que ficção, sabe? Apareça mais vezes por aqui, e depois que ler divida a experiência comigo hahaha Beijocas <3

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  2. É realmente um livro muito completo em todos os sentidos. O filme tem seus melhores momentos na dinâmica do Grupo, lembrando os clássicos de Spielberg e a nostalgia dos filmes da década de 80. IT, a Coisa. uma obra prima do medo!! O início do livro é arrastado: pelo menos até a página 500, nada de muito emocionante acontece. É preciso paciência. A história de Beverly é incrível, mas pode ter muitos gatilhos para quem tem problemas com assuntos como violência contra a mulher, estupro e assédios. As cenas de espancamento e abuso são relatadas detalhadamente, o que torna os capítulos referentes à garota difíceis de serem lidos. Aliás, cenas de violência estão presentes em todo a obra. A ação sinistra da Coisa parece brincadeira de criança (literalmente), se comparadas com as surras que o “valentão” Henry Bowers dá nas outras crianças. Depois de ler mil páginas, o que o leitor espera é que as últimas 100 sejam excepcionais — e expliquem toda a doideira que rolou até aquele momento. Mas não é isso que acontece. O fim de It decepciona por ser muito alheio ao que se esperava. A história do livro parece muito real, até o leitor se deparar com um final completamente místico e desconexo. Outro fator crucial, é claro, é a prosa de Stephen King. O homem faz sucesso por um motivo: a história é tão bem contada que o leitor se sente dentro da pequena cidade de Derry, onde tudo acontece, e se emociona com os personagens.

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